Correio Braziliense, n. 22697, 12/05/2025. Brasil, p. 4

Papa Leão XIV convidado


O papa Leão XIV foi convidado para participar da COP30, a conferência do clima que será realizada em Belém, no mês de novembro. O chamado partiu do arcebispo de Manaus, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, que participou do conclave, que elegeu o novo líder da Igreja Católica, após a morte do papa Francisco.

Considerado uma liderança fundamental na questão climática, ao longo de seus 12 anos de liderança, Francisco tratou as mudanças climáticas como uma questão espiritual, destacando suas conexões com a pobreza e os desequilíbrios sociais. Um de seus posicionamentos mais emblemáticos foi a encíclica Laudato Si (Louvado Sejas), publicada em maio de 2015, ano em que foi estabelecido o Acordo de Paris.

No documento, o Pontífice criticou duramente a relação do ser humano com o meio ambiente, evidenciando suas aflições sobre a questão climática e alertando para a desigualdade social, onde os mais pobres são os que mais sofrem com as mudanças climáticas.

"Estamos destruindo a criação. Matamos a natureza sem nos dar conta de que estamos ficando com um deserto, não com um jardim. Deus nos deu a maravilha da criação não para explorá-la, mas, sim, para amá-la e levá-la a sua perfeição", afirmou Francisco, ao apontar a preservação da natureza como um dos grandes desafios atuais.

A expectativa é de que Leão XIV esteja alinhado, do ponto de vista ambiental, ao antecessor. Ele é visto com potencial de seguir com as reformas iniciadas por seu antecessor, especialmente no que diz respeito à abertura ao diálogo e à defesa dos mais vulneráveis.

Embora não haja uma declaração específica sobre questões ambientais ou sobre a crise climática, durante sua missão pastoral no Peru, o religioso dedicou-se ao cuidado das comunidades carentes, em uma região profundamente afetada por desigualdades sociais e degradação ambiental.

Como bispo, Leão XIV desenvolveu sua ação em diálogo não somente com a pobreza, mas também com os impactos dos problemas ambientais. Ele participou de um seminário sobre clima realizado em Roma, em novembro de 2024, organizado pelas embaixadas de Cuba, Bolívia e Venezuela. Na ocasião, defendeu que o "domínio sobre a natureza" não pode se tornar tirânico, devendo ser uma "relação de reciprocidade" com o meio ambiente.

Faltando 183 dias para a COP, não se sabe ainda se o novo Pontífice conseguirá se planejar para comparecer em Belém, mas a expectativa é de que ele venha ao Brasil. O papa Leão XIV é próximo da atual direção da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e tinha passagem comprada para vir ao país no fim do último mês de abril para participar da Assembleia Geral dos bispos do país, mas o compromisso foi cancelado por conta da morte de Francisco.