Correio Braziliense, n. 22698, 13/05/2025. Economia, p. 8
R$ 27 bilhões para o Brasil
Victor Correia
Empresas chinesas prometem investir R$ 27 bilhões no Brasil. O anuncio foi feito ontem, em Pequim, durante a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Seminário Empresarial China-Brasil: Fortalecendo a Parceria Estratégica, organizado pela ApexBrasil, a agência pública de promoção das exportações.
Entre os recursos anunciados estão um aporte de R$ 6 bilhões da montadora GWM, R$ 5 bilhões da empresa de delivery Meituan, R$ 3 bilhões para construção de um centro de energia renovável no Piauí pela GCN e R$ 3,2 bilhões da empresa de bebidas e sorvetes Mixue.
Também foram divulgados investimentos de R$ 2,4 bilhões para a compra de uma mina de cobre em Alagoas pelo grupo Baiyin Nonferrous, e de até R$ 5 bilhões pelo grupo de energia limpa Envision para a criação de um parque industrial.
Outros investimentos menores incluem o setor farmacêutico, semicondutores e a promoção do café brasileiro.
Parceria
“Se depender do meu governo e da minha disposição, Brasil e China serão parceiros incontornáveis. A nossa relação será indestrutível, porque a China precisa do Brasil, e o Brasil precisa da China, e nós dois juntos poderemos fazer com que o Sul Global seja respeitado no mundo como nunca foi”, disse Lula, que viajou para a China com o principal objetivo de expandir a relação comercial entre os dois países.
Em seu primeiro dia com compromissos públicos, ele realizou audiências com representantes de grandes companhias chinesas, no hotel onde está hospedado.
O primeiro encontro foi com o presidente do grupo GAC, Feng Xingya. A montadora pretende investir até US$ 1,3 bilhão para a produção de carros elétricos, híbridos e híbridos flex no Brasil. O presidente também esteve com o presidente do Conselho da Windey Technology, Chen Qi, empresa do setor de energia limpa, com o CEO da Norinco, Cheng DeFang, empresa do setor de defesa, e com o presidente da Envision, Lei Zhang.
Tarifaço
Além dos acenos à China, o presidente aproveitou para criticar as tarifas impostas pelos Estados Unidos, que estão suspensas para negociação, mas causaram temor generalizado e uma guerra comercial entre EUA e China. Em sua fala, Lula defendeu que é preciso haver livre-comércio entre os países. “Eu não me conformo com a chamada taxação que o presidente dos Estados Unidos tentou impor ao planeta Terra do dia para a noite, porque o multilateralismo depois da Segunda Guerra Mundial foi o que garantiu todos esses anos de harmonia entre os Estados”, disse Lula.
Ao encerrar seu discurso, Lula sinalizou que quer aprofundar ainda mais a relação com a China, aumentando especialmente a relação comercial. Ele destacou o programa Rotas de Integração Sul-Americana, projeto liderado pelo Brasil, que cria um sistema de rodovias e infraestrutura para levar os produtos brasileiros ao Pacífico, facilitando exportações para Ásia.
O assunto será aprofundado hoje, na Cúpula China-Celac (Comunidade de Estados LatinoAmericanos e Caribenhos), que terá a participação dos presidentes brasileiro e chinês China, Xi Jinping, além dos chefes do Chile, da Colômbia, e de outros países da região.