VALOR ECONÔMICO, n 5414, 11/01/2022. Política, A6
Alckmin pede análise de centrais sindicais sobre reforma trabalhista
Cristiane Agostine
Cotado para a vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência, o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) demonstrou preocupação sobre uma eventual mudança na reforma trabalhista, ao conversar ontem com o presidente licenciado da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Alckmin pediu ao dirigente uma análise das centrais sindicais sobre a reforma e questionou quais pontos poderiam ser alterados do texto aprovado durante o governo Michel Temer (MDB).
No encontro, o ex-governador quis saber também mais informações sobre as mudanças na reforma trabalhista da Espanha, chamada de “contrarreforma”. O dirigente da Força Sindical relatou ao ex-governador que as “centrais brasileiras não defendem a revogação da reforma, mas sim mudanças”.
O tema voltou a ser debatido no cenário nacional depois que a Espanha revogou a reforma trabalhista aprovada naquele país em 2012. No PT, ganhou força a defesa de mudanças na legislação brasileira. O ex-presidente Lula disse que é importante acompanhar o movimento que aconteceu na Espanha, para a recuperação dos direitos dos trabalhadores, e a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), defendeu a adoção de uma medida semelhante no Brasil. Nesta terça-feira, Lula participa de uma reunião virtual com representantes do governo espanhol para conversar sobre a contrarreforma da Espanha.
Paulinho disse que Alckmin demonstrou preocupação também com a crise econômica, com o aumento do desemprego e o achamento da renda do trabalhador. “Ele falou muito sobre o cenário nacional, sobre o que fazer para gerar mais emprego e disse que as eleições e um novo governo podem ajudar a atrair investimentos estrangeiros para o país”, disse.
Presidente nacional do Solidariedade, Paulinho formalizou ontem o convite feito no mês passado para Alckmin se filiar ao partido. A ideia é indicar o ex-governador a vice de Lula. “Se a aliança de Lula e Alckmin se concretizar, essa chapa pode vencer no primeiro turno”, disse o dirigente partidário.
Mesmo se não conquistar a vaga de vice, o Solidariedade deve apoiar o petista em outubro.
O ex-governador paulista está propenso a participar da disputa nacional como vice de Lula, mas ainda não decidiu para qual partido irá.
O PSB também negocia a filiação do ex-governador para indicá-lo a vice na chapa petista, mas há entraves na composição de uma aliança nacional com o PT, como o pedido de apoio aos petistas na disputa pelo governo de cinco Estados (São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Espírito Santo).
“O PSB está exigindo uma série de apoios e é difícil o PT ceder. Nós não estamos pedindo nada do PT, só a vice”, ironizou Paulinho.
O PV também convidou Alckmin para se filiar. O ex-governador, que deixou o PSDB em dezembro, deve definir até março qual será seu destino político. A tendência, segundo aliados, é que Alckmin se filie perto do prazo final para poder disputar a eleição deste ano (2 de abril).
O presidente do Solidariedade encontrou-se na sexta-feira, com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, pré-candidato do PT ao governo paulista e um dos articuladores da chapa presidencial petista. Em São Paulo, a tendência é que o partido apoie a candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB).