VALOR ECONÔMICO, n 5414, 11/01/2022. Agro 4.0, B7
Ceres amplia atuação em varejo de insumos
José Florentino
A plataforma mineira de serviços financeiros para o agronegócio Ceres Investimentos acaba de fechar a aquisição da startup cearense Brain Manager, que atua em inteligência de dados e digitalização de processos para distribuidores de insumos agrícolas. O valor do negócio não foi informado.
Com o acordo, a Ceres quer ampliar seu atendimento a varejistas de insumos, mas também levar os serviços a agroindústrias e fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC). “Com a Brain, a Ceres ganha o know-how para conectar dados e buscar informações de forma automatizada, e traz a inteligência para dentro das empresas, substituindo o que era feito manualmente”, diz o diretor de Performance, Compliance e Inovação da Ceres, Tiago Rangel. A partir da aquisição, a gestora criou a unidade de negócios Ceres Tech Manager.
Fundada em Fortaleza em 2016, a Brain Manager tem um portfólio de clientes concentrado no Nordeste. Antes do acordo de aquisição, as empresas tinham uma relação de fornecedor e cliente. “Teremos uma boa simbiose, que nos dará melhor acesso a produtores e empresas da região”, diz Rangel. Ele cita o polo agrícola do Vale do São Francisco como um “bolsão interessante”.
Segundo ele, a maioria das distribuidoras de insumos do país são empresas com faturamento anual entre R$ 30 milhões e R$ 100 milhões, mas com gestão familiar, que encontra dificuldade para se financiar em bancos de varejo. Com a tecnologia, afirma, elas podem melhorar sua governança e seus processos operacionais e de tomada de decisão.
Segundo Rangel, a aposta em dados e proximidade com os produtores rurais têm se mostrado acertada: a empresa mineira tinha sob sua tutela cerca de R$ 700 milhões no começo do ano passado. Para este ano, cálculos internos indicam R$ 1 bilhão em créditos originados, entre fundos de investimento e operações estruturadas.
Rafael Farias, fundador da Brain, acredita que a startup dará impulso adicional à Ceres ao expandir o time de colaboradores da empresa mineira e abrir caminho para a criação de novos negócios. A expectativa é, até o fim do ano, desenvolver pelo menos seis produtos de prateleira.
Alternativas de financiamento são a aposta da Ceres, que em 2021 firmou uma parceria com a B3 para registrar Cédulas de Produtor Rural (CPRs). A empresa projeta superar a marca de R$ 100 milhões em emissões desses papéis.