O Estado de S. Paulo, n. 48101, 28/06/2025. Economia & Negócios, p. B5
Taxa de desemprego cai a 6,2% em maio, menor patamar em 13 anos
Daniela Amorim
O mercado de trabalho no País mantém-se aquecido. A taxa de desemprego caiu de 6,6%, no trimestre móvel terminado em abril, para 6,2% no trimestre encerrado em maio, patamar mais baixo para o período em toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O rendimento médio de quem está trabalhando alcançou o recorde de R$ 3.457. Com a ocupação e a renda em alta, a massa de salários em circulação na economia renovou a máxima da série, chegando a R$ 354,605 bilhões no trimestre terminado em maio.
Os dados fortes da pesquisa reforçam a dinâmica positiva do mercado de trabalho, avalia a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em comentário. “De maneira geral, o cenário é de um mercado de trabalho bastante aquecido, com renda em alta”, diz ela, prevendo que a taxa de desemprego feche o ano em 5,5%. “Esse crescimento do nível de ocupação também deve ajudar a estimular a atividade econômica, embora dificulte o controle da inflação, especialmente a de serviços.”
O resultado mostra que a taxa de desemprego desceu bem próximo ao piso histórico de 6,1% registrado no trimestre encerrado em novembro de 2024. Passado o período de demissões de trabalhadores temporários, a série histórica da Pnad Contínua indica uma tendência sazonal de estabilidade na taxa de desocupação nessa época do ano, observou William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE. Porém, o resultado mostrou um fôlego maior do emprego. “Nesse trimestre, normalmente temos taxa estável ou de queda”, lembrou Kratochwill. “Com a economia fluindo bem como tem fluído nos últimos trimestres, temos a taxa que é praticamente igual ao último trimestre do ano anterior. Temos o mercado aquecido, com resistência aos problemas externos.”
Questionado sobre o fato de a taxa de desemprego ter descido já em maio ao segundo menor patamar da série histórica, mesmo nível registrado ao fim de 2024, quando sazonalmente o desemprego costuma ser mais baixo no ano, Kratochwill apontou a influência do bom desempenho da atividade econômica. “O esperado era que a taxa fosse muito parecida com o trimestre anterior, porque historicamente é o que acontece, mas o mercado de trabalho está numa situação melhor do que esteve nos últimos dez anos.”
De acordo com o IBGE, taxa de desocupação geralmente fica estável ou cai neste período do ano
Por ora, segundo ele, não se vê impacto da política monetária contracionista do Banco Central sobre o mercado de trabalho. “Observando os dados, está claro que o mercado de trabalho continua avançando, continua resistindo a essa medida”, disse.