O GLOBO, n 32.338, 19/02/2022. Política, p. 6

Com um pé no PSD, Leite diz que está à disposição para ser candidato

Gustavo Schmitt


Grupo próximo ao ainda tucano governador gaúcho deve deixar o PSDB na semana que vem

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), deu mais um sinal ontem de que considera ser candidato à Presidência da República pelo PSD. Ao discursar para empresários em Caxias do Sul (RS), disse que “se coloca à disposição” para um “caminho alternativo”, desde que tenha apoio no projeto e que a proposta seja consistente. 

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, revelou a deputados da legenda esta semana que Leite será o candidato do partido caso o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), desista da pré-campanha. Dirigentes da sigla acreditam que isso deve ocorrer em breve. 

— Estou sendo provocado sobre o cenário nacional. Olha, passar um cavalo encilhado já não é fácil. Passar dois não dá para desprezar —disse Leite, fazendo referência a duas oportunidades para se candidatar à Presidência: primeiro pelo PSDB e, agora, pelo PSD.

—Se for, de fato, algo consistente e a gente tenha apoio para isso, eu tenho coragem de me colocar à disposição para apresentar um caminho alternativo —completou o gaúcho. 

Políticos próximos a Leite já estão organizando a ida ao PSD, como mostrou a colunista do GLOBO Bela Megale. Braço direito do governador, o secretário de Apoio à Gestão Administrativa e Política, Agostinho Meirelles, e mais dois secretários do governo vão se filiar ao PSD no dia 23 .

— Esse movimento acontece dentro das conversas que envolvem o convite para o governador vir para o PSD. Se ele aceitar, seremos os primeiros a apoiá-lo — disse o prefeito de Canoas (RS) Jairo Jorge (PSD), que organiza o evento de filiação. 

Leite foi derrotado nas prévias tucanas pelo governador de São Paulo, João Doria, mas vê seu partido resistir ao paulista, que patina nas pesquisas de intenção de voto e sofre com alta rejeição. Além das conversas com o PSD, o gaúcho recebeu sondagens do União Brasil.

A pessoas próximas, Leite não esconde seu entusiasmo com uma candidatura nacional. Ele se preocupa, porém, com o prazo curto para tomar a decisão. O tucano teria que renunciar ao cargo de governador até 2 de abril. Ao mesmo tempo, Leite tem sido cobrado por seu grupo político para ser candidato à reeleição, o que implicaria em quebrar uma promessa sua de que não disputaria o cargo. O governador tem resistido, mas seu entorno teme que ele não consiga emplacar um sucessor no estado.