O GLOBO, n 32.339, 20/02/2022. Política, p. 6

Cidadania aprova formação de federação com o PSDB

Melissa Duarte


Termos da aliança ainda precisam ser discutidos com os tucanos; os dois partidos têm pré-candidatos ao Palácio do Planalto

O Cidadania aprovou ontem a formação de uma federação com o PSDB. Por esse modelo de aliança, os partidos se comprometem a atuar juntos, como uma só sigla, por pelo menos quatro anos. A decisão foi anunciada após reunião do Diretório Nacional.

Os termos da eventual federação ainda precisam ser discutidos com o PSDB. Um dos entraves é a eleição presidencial deste ano. Os tucanos aprovaram em prévias o nome do governador de São Paulo, João Doria, para concorrer. Já o Cidadania tem como pré-candidato o senador Alessandro Vieira (SE). 

Ao GLOBO, Vieira afirmou ser contra “qualquer federação sem regras adequadas”, mas disse ser “prematuro” avaliar a possibilidade de sair do partido caso a aliança com o PSDB se concretize e escolha o tucano. 

—Vamos trabalhar na construção das melhores regras possíveis para uma eventual federação. É preciso proteger os militantes e parlamentares lá da base, que serão impactados por uma federação verticalizada por quatro anos — disse o senador.

O Supremo Tribunal Federal (STF) ampliou para 31 de maio o prazo para os partidos registrarem federações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

No caso do Cidadania, havia outras duas propostas em discussão: formar uma federação partidária com o PDT de Ciro Gomes ou com o Podemos do ex-juiz Sergio Moro. Ambas foram derrotadas ontem em votação. 

—Foi um ótimo exercício de diálogo entre os partidos e uma decisão democrática — afirmou o presidente do Cidadania, Roberto Freire, ao GLOBO. 

Na tentativa de atrair o partido, Doria vinha mantendo conversas com a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), que atuou na CPI da Covid. Como o tucano diz que gostaria de ter uma vice mulher, o nome dela tem sido cotado para a vaga, mas nenhum convite foi feito. 

Em paralelo, o PSDB também mantém conversas com o MDB e o União Brasil. Diante da dificuldade de reuni-los em uma federação, o presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), passou a falar em uma aliança para o lançamento de um candidato único para a Presidência da República. O MDB tem como pré-candidata a senadora Simone Tebet (MS). 

Novidade para as eleições deste ano, a formação de federações partidárias foi regulamentada em dezembro do ano passado pelo TSE, depois de aprovada pelo Congresso.

Uma das conversas mais avançadas é entre PT e PSB, mas as negociações travaram devido às eleições para o governo de São Paulo. Nenhum dos dois partidos abre mão de ser cabeça de chapa: o PT com o ex-prefeito Fernando Haddad, e o PSB com o ex-governador Márcio França. 

Os principais entusiastas das federações são os partidos menores, como o PCdoB, ameaçados pela cláusula de barreira. Com a união, eles têm mais chance de atingir o mínimo necessário de votos para garantir tempo de TV e recursos do fundo partidário. Neste ano, os partidos precisam ter ao menos 2% dos votos válidos para deputado federal, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, ou eleger 11 deputados em nove estados.