O GLOBO, n 32.341, 22/02/2022. Política, p. 6

França: Lula decidirá sobre chapa ao governo paulista



Pré-candidato do PSB deve se encontrar esta semana com o ex-presidente; falta de definição emperra criação de federação

O ex-governador de São Paulo Márcio França disse ontem que a decisão sobre a candidatura de PT e PSB ao Palácio dos Bandeirantes está nas mãos do ex-presidente Lula. Há uma expectativa de que França seja recebido pelo petista nesta semana. A afirmação foi feita ao blog da jornalista Andréia Sadi.

“Quem vai decidir se serei eu ou Fernando Haddad vai ser o Lula. Ele é pragmático, sabe o que é melhor e é quem vai dar a palavra final”, disse França.

Sobre a federação entre PT e PSB, o ex-governador destacou que qualquer decisão do PSB só ocorrerá após a janela de mudança partidária, que acaba no começo de abril. Antes disso, defende o ex-governador, os líderes do PT e do PSB deveriam estar “rodando o país”, juntos, para “demonstrar a força dos democratas versus antidemocratas”.

“Até abril, acho difícil qualquer decisão importante. A gente tem que estar discutindo para fora, dando demonstração de força para fora, não para dentro, em questões menores internas. Enquanto isso, candidatos bolsonaristas, como Tarcísio Freitas, se movimentam”, criticou o ex-governador, em referência ao ministro da Infraestrutura.

França e Haddad querem disputar o Palácio dos Bandeirantes, mas o ex-presidente Lula já deu recados públicos de que prefere Haddad. O PSB espera, agora, que Lula dê a resposta final de forma oficial sobre o palanque de São Paulo — petistas vêm citando a necessidade de uma “saída honrosa” para a situação de França, que articulou também a chapa Lula-Alckmin. Com Haddad para o governo de São Paulo, França deve disputar o Senado.

PSB e PT negociam a formação de uma federação partidária, que incluiria ainda PCdoB e PV, mas entre os empecilhos centrais se destacam justamente as complicações nos palanques estaduais, como no caso de São Paulo. Uma das alternativas consideradas é afiliação de Alckmin ao PV, o que abriria caminho para o candidato do PSB competir contra Haddad na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes e Lula ter pelo menos dois palanques em São Paulo. A expectativa dos petistas é anunciar a chapa à Presidência até mês que vem, com o objetivo de facilitar filiações de outros deputados ao eventual partido de Alckmin.

O ex-governador Geraldo Alckmin tem entrado em campo para tentar desatar o nó que trava a aliança entre o PT e PSB e, por consequência, a definição dele como vice na chapa do ex-presidente. Como amigo de França e Haddad, Alckmin tem conversado com os dois e prometido que estará no palanque de ambos. No entanto, ele tem pontuado que uma única candidatura é mais competitiva para superar, além de Tarcísio, o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), candidato do governador João Doria (PSDB).

Para aliviar a pressão sobre uma definição, França disse recentemente que a chapa Lula e Alckmin está “99,9% fechada” e que ela ocorrerá independentemente do que acontecer em São Paulo.

PSB DEFINE CANDIDATO EM PE

O PSB oficializou ontem o nome do deputado federal Danilo Cabral como pré-candidato ao governo de Pernambuco. No terceiro mandato como deputado federal, ele é advogado, tem 54 anos e também já foi vereador do Recife.

Caso eleito, Cabral dará continuidade a uma sequência de 16 anos do PSB no comando do governo. Ele é o segundo pré-candidato ao governo de Pernambuco já anunciado oficialmente.

Ao falar sobre a aliança nacional do PSB com o PT, Danilo Cabral disse que Pernambuco “sente saudade” de Lula e criticou o tratamento dado ao Nordeste por Jair Bolsonaro e pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), que assumiu a presidência após o impeachment de Dilma Rousseff, apoiado por Cabral e pelo PSB.

“A gente tem que estar discutindo para fora, dando demonstração de força para fora, não para dentro, em questões menores internas. Enquanto isso, candidatos bolsonaristas, se movimentam”

Márcio França, sobre as negociações entre PSB e PT em SP