O Estado de S. Paulo, n. 48103, 30/06/2025. Economia & Negócios, p. B3
Não há mais espaço para o juro subir, diz Haddad
Caroline Aragaki
Eduardo Laguna
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não vê mais espaço para aumento dos juros de referência da economia, e que o Banco Central (BC) vai começar a calibrar, em algum momento, quando voltará a cortar a Selic. “A essa altura, eu não vejo mais espaço para aumentar a taxa de juros, e acredito que aí o Banco Central vai ter que calibrar o momento do ciclo de corte. Eu não sei quando vai acontecer, mas tem muita coisa boa acontecendo”, disse o ministro durante entrevista à GloboNews na tarde da última sexta-feira.
Haddad ressaltou que a inflação está em baixa, chegando inclusive a marcar deflação no grupo de alimentação e bebidas na última medição do IPCA-15, ao mesmo tempo em que o Federal Reserve acena com a possibilidade de retomar o ciclo de corte de juros nos Estados Unidos.
Questionado durante a entrevista sobre por que o governo não ataca o presidente do BC, Gabriel Galípolo - indicado por Lula e que manteve o ciclo de aumento dos juros -, como fazia com Roberto Campos Neto, Haddad respondeu que teve apenas dois momentos de divergência com o exchefe do BC. O primeiro deles foi em torno do início do último ciclo de corte de juros que, para Haddad, deveria ter começado antes.
Haddad afirmou que teve apenas dois momentos de divergência com ex-chefe do BC, Campos Neto
A segunda divergência foi na mudança de forward guidance anunciada por Campos Neto em um encontro com investidores promovido pela XP em Washington, em abril do ano passado.
Mais uma vez, Haddad disse que as últimas elevações dos juros, com o BC sob o comando de Galípolo, foram contratadas na última reunião do Copom presidida por Campos Neto, quando os juros subiram 1 ponto porcentual.