Correio Braziliense, n. 22703, 18/05/2025. Política, p. 4
Flagrado com documento falso
Marcos Roberto, o “Tuta”, foi preso após utilizar um documento falso com o nome de Maycon Gonçalves da Silva para renovar sua situação de estrangeiro no país vizinho. O oficial que percebeu a inconsistência nos documentos apresentados acionou a polícia brasileira e a Interpol da Bolívia.
O líder do PCC constava na difusão vermelha do órgão internacional — um aviso emitido para fugitivos procurados a fim de serem processados ou para cumprir pena por crimes graves — o que acendeu alertas.
Quando o escritório da Interpol em Brasília — uma coordenação interna da PF — foi notificado para checar as bases de dados e informar com precisão à polícia boliviana se aquela pessoa era quem dizia ser, a verificação identificou rapidamente que se tratava da liderança da maior organização criminosa do país. “Ressalto a importância da nossa base de dados biométrica, que permitiu, em tempo real, retornar ao nosso oficial da Polícia Federal na Bolívia informando tecnicamente quem era aquela pessoa”, relatou Andrei.
Isso permitiu que a detenção fosse feita, uma vez que ele estava apresentando documentos falsos. “Tuta” estava foragido desde 2021 e tem uma condenação da Justiça brasileira a 12 anos de prisão por organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Embora a PF esteja à frente do caso, ainda não há informações detalhadas da prisão ocorrida na Bolívia. “Não sabemos ainda se houve uma eventual apreensão. Ele (Tuta) se dirigiu a uma unidade policial da Bolívia, e não sabemos se ele tinha um celular com ele. Não sei se foi apreendido. Saberei responder com precisão quando tivermos mais detalhes e ele vier para o Brasil”, comentou Andrei.
As equipes da PF estão preparadas para sair de Brasília a qualquer momento, caso necessário, para buscar o detento, ou para recebê-lo na fronteira. Caso a expulsão seja autorizada pela Bolívia, o líder do PCC ficará no sistema federal de Brasília, mas a decisão ainda será discutida com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), órgão ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). As autoridades brasileiras acreditam que, em 2019, após a prisão de ‘Marcola’, ‘Tuta’ o substituiu como líder do PCC.
Na sexta à noite, quando ocorreu a prisão, Passos telefonou para o ministro da Justiça (MJSP), Ricardo Lewandowski. Durante a conversa, o diretor-geral da PF informou ao ministro o que havia ocorrido naquela tarde na Bolívia e explicou quais seriam os procedimentos cabíveis para o caso. “Ele (Lewandowski) cumprimentou a ação da Polícia Federal, obviamente feliz com o desfecho de conseguirmos manter a prisão a partir da cooperação internacional, um desfecho muito importante em se tratando de uma pessoa integrante de uma facção criminosa brasileira”, comentou o diretor-geral da instituição.
Logo após a conversa, o ministro telefonou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e para o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que, assim que soube, acionou a Embaixada do Brasil na Bolívia. No entanto, não foi informado o que o presidente comentou.