VALOR ECONÔMICO, n 5418, dias 15,16 e 17 de Janeiro de 2022, Agronegócios, B8
Raça Agro acelera expansão e já projeta faturar R$ 500 milhões
Rikardy Tooge
Após levantar R$ 40 milhões com a emissão de Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) no fim de 2021, o Grupo Raça Agro, de Mato Grosso, quer acelerar seu projeto de expansão no segmento de distribuição de insumos para a pecuária. A companhia investirá os recursos da emissão para aumentar sua presença territorial e mais que dobrar seu número de lojas até o ano que vem.
Hoje, a estrutura da companhia é formada por 13 revendas, localizadas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mas, até março, o grupo vai abrir mais sete, sendo quatro em Mato Grosso e uma em Mato Grosso do Sul. Além dessas, a empresa abrirá uma em Goiás e uma no Pará, Estados em que ainda não atua.
Com os investimentos, que ocorrerão em alguns dos Estados com os maiores rebanhos bovinos do país, a Raça Agro prevê antecipar em três anos sua meta de faturar R$ 500 milhões anualmente, inicialmente prevista para 2025 - em 2021, a receita do grupo foi de R$ 340 milhões. “Nosso plano passa por nacionalizar a companhia. Queremos nos expandir em todo o Centro-Oeste e, até 2023, chegar também a Rondônia e Tocantins”, afirma João Antônio Fagundes, CEO do grupo. A meta é ter 30 revendas até o fim do próximo ano.
A indústria de distribuição de insumos ainda é bastante pulverizada no Brasil, mas a concorrência tem crescido nos últimos anos. Com a ampliação de seus negócios, a Raça Agro quer se antecipar ao movimento que já ocorre entre as revendedoras de insumos agrícolas, segmento em que Nutrien, Lavoro (do Pátria Investimentos) e AgroGalaxy (controlada pela Aqua Capital) têm sido protagonistas da consolidação do mercado por meio da compra de pequenas redes.
Fagundes diz que a Raça Agro já foi sondada por um potencial comprador. No entanto, segundo ele, a intenção da empresa não é ser comprada, mas tornar-se um dos principais nomes na comercialização de produtos destinados aos pecuaristas, como suplementos, produtos para pastagens e medicamentos veterinários.
“Nós estamos atentos a outros movimentos, alianças e aquisições. A dúvida é se faz sentido ter um sócio neste momento. Também não vemos sentido em vender o controle. Nós ainda temos condição de agregar valor, e essas parcerias [como a emissão do CRA] mostram que é possível”, afirma. “E, com o CRA, estamos colocando apenas nosso primeiro pé na B3”.
O CEO recorda que, em busca de outras formas de financiar a atividade, decidiu procurar a XP, que conseguiu formatar a operação em cerca de seis meses junto com a Ecoagro - essa foi a primeira emissão de um CRA de revenda de insumos feita pela securitizadora. O processo acabou sendo longo pela necessidade de auditoria nos recebíveis do Raça Agro, que foi feita pela KPMG.
Agora, Fagundes acredita que as próximas operações tendem a ocorrer com mais rapidez. “Foi necessário o estudo, mas, em geral, o pecuarista tem um perfil conservador, em que o ativo são os animais. Existe certa dificuldade de liquidez, mas é um cliente muito solvente”, afirma. “É um crédito muito seguro”.
O Grupo Raça Agro surgiu em 2020, quando a revenda Agroboi comprou o controle da rede Suprema. Fundada em 1979, a Agroboi, a empresa mais antiga do grupo, surgiu de uma família de pioneiros no Estado. O fundador, Wellington Fagundes, hoje senador por Mato Grosso (PL), cursou veterinária ao ver que esse seria o caminho para conseguir emprego em uma região com vocação agropecuária. Com a entrada de seu pai na carreira política, João Antônio envolveu-se cada vez mais com a empresa - o atual CEO está no grupo desde 2007.
De lá para cá, ele priorizou a melhora da governança e o planejamento estratégico. Com isso, a empresa, que tinha então uma loja em Rondonópolis com uma fábrica de suplementos de ração animal (Zootec) e faturava menos de R$ 20 milhões por ano, cresceu até atingir a estrutura atual, com cerca de 20 mil clientes ativos.