O GLOBO, n 32.343, 24/02/2022. Economia, p. 14

Prévia da inflação sobe para 0,99 % em fevereiro

Carolina Nalin


IPCA—15 é o maior para o mês desde 2016. Analistas veem preços sob pressão até abril e já estimam alta maior na taxa de juros

Pressionada pelos reajustes na educação e pelo aumento nos preços dos alimentos, a prévia da inflação oficial, medida pelo IPCA-15, acelerou em fevereiro e subiu 0,99%, ante alta de 0,58% em janeiro. É o maior avanço para um mês de fevereiro desde 2016, quando chegou a 1,42%.

Com isso, nos últimos 12 meses, a inflação acumula alta de 10,76%, informou ontem o IBGE.

O resultado de fevereiro veio bem acima do previsto pelo mercado. Analistas projetavam uma alta de 0,85%, em média. Com a surpresa, muitos já começam a estimar que o Banco Central terá de aumentar mais os juros para manter os preços sob controle.

A avaliação é que a inflação deve continuar pressionada até abril, último mês de vigência da bandeira tarifária Escassez Hídrica, que adiciona R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos e tem feito a conta de luz pesar no orçamento das famílias.

ALÍVIO NO DÓLAR

A curto prazo, economistas consideram que a recente queda do dólar, que ontem fechou a R$ 5, pode conter o avanço da inflação. No entanto, o fator câmbio tem efeito limitado diante do aumento dos preços de como petróleo e soja, no mercado internacional, afirma Júlia Passabom, economista do Itaú Unibanco.

Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, vê pouco espaço para alívio nos preços da gasolina, cuja defasagem hoje está em torno de 10% frente aos preços no mercado internacional. Ela chama a atenção para o comportamento dos núcleos de inflação, medida que exclui preços mais voláteis e que segue “rodando em patamar alto”.

— É uma prova de que a inércia está se disseminando. Estou propensa a revisar a expectativa de Selic (taxa básica de juros), hoje com a projeção em 12,25%, para algo mais próximo de 13%.