O GLOBO, n 32.344, 25/02/2022. Economia, p. 14
Desemprego cai para 13,2% em 2021, segunda maior taxa da série
Carolina Nalin
O número de pessoas à procura de uma vaga fica em 13,9 milhões. Renda cai 7%
A taxa média de desemprego no Brasil caiu para 13,2% em 2021, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). É uma leve melhora em relação à registrada no primeiro ano da pandemia, quando a Covid forçou o fechamento do comércio e levou à paralisação de fábricas. Ainda assim, a taxa do ano passado é a segunda maior da série histórica do IBGE, iniciada em 2012. No primeiro ano da pandemia, o índice foi de 13,8%.
Para analistas, o resultado mostra que há em curso um processo de recuperação do mercado de trabalho, com salários menores e um cenário de inflação e juros altos.
Felipe Sichel, estrategista chefe do banco digital Modalmais, espera que o nível de população ocupada continue avançando em 2022, mas a um ritmo menor comparado a 2021 por causa da alta de juros promovida pelo Banco Central. Segundo ele, a força de trabalho deve avançar mais rapidamente que a população ocupada ao longo do ano, o que levaria a taxa de desemprego a fechar 2022 em 11,7%.
Maria Andreia Parente, pesquisadora do Ipea, vê nos resultados um sinal de retomada do emprego com carteira assinada a partir do terceiro trimestre, mas a informalidade ainda tem papel preponderante na retomada do emprego.
O país fechou o ano com 13,9 milhões de pessoas na fila por um emprego, contingente estável frente ao ano anterior. Em 2019, a taxa anual de desemprego foi de 12%.
A população ocupada cresceu 5% em um ano, mas o rendimento real (quando se desconta a inflação) chegou a R$ 2.587, retração de 7% frente a 2020. É o mais baixo patamar desde 2016 (quando ficou em R$ 2.570). Considerando os dados do quarto trimestre, a renda atingiu o menor nível da série: R$ 2.447 mensais.
—É um ano de recuperação para alguns indicadores, mas não é o ano de superação das perdas, até porque a pandemia não acabou, e seus impactos, ainda em curso, afetam diversas atividades econômicas e o rendimento do trabalhador. Há um processo de recuperação,mas estamos distantes dos patamares de antes da pandemia — diz Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa.
No quarto trimestre, a taxa de desemprego ficou em 11,1% — uma melhora frente aos 12,6% do trimestre anterior. O período de outubro a dezembro é tradicionalmente o de maior absorção de trabalhadores em comércio, alojamento e alimentação. Ainda assim, houve recorde no total de trabalhadores por conta própria (25,944 milhões).
Para Alberto Ramos, diretor de Macroeconomia do Goldman Sachs para a América Latina, a taxa de desemprego permanecerá em dois dígitos por um bom tempo em razão da expectativa de atividade econômica fraca em 2022.