Correio Braziliense, n. 22709, 24/05/2025. Economia, p. 7

Oposição vê novo fiasco

Israel Medeiros

 

A nova crise de comunicação do governo Lula era tudo o que a oposição precisava para voltar a pressionar o Executivo pela falta de coerência quando o assunto é política econômica e fiscal. O anúncio — e o rápido recuo com medo da repercussão negativa — das mudanças nas alíquotas do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) motivaram uma série de Projetos de Decreto Legislativo (PDL) no Congresso para tentar reverter a medida.

Nas redes sociais, alguns dos principais nomes da direita aproveitaram para atacar Fernando Haddad (Fazenda) pelo comportamento errático que remonta à crise do Pix, protagonizada pela Receita Federal e que foi um duro golpe para a popularidade de Lula no primeiro bimestre. Naquela ocasião, o governo também voltou atrás em uma medida técnica porque falhou em prever e conter uma crise de imagem.

Até a noite de ontem, já havia oito Projetos de Decreto Legislativo (PDL) apresentados na Câmara para tentar derrubar a medida do Ministério da Fazenda.

O líder da oposição na Casa Baixa, deputado Zucco (PL-RS) chegou a pedir a convocação de Haddad para explicar o que chamou de “barbeiragem econômica grotesca”.

Já o líder do Novo na Câmara, deputado Marcel van Hattem (RS) criticou o fato de o governo ter atuado para aprovar, nesta semana, a reestruturação de carreiras do Executivo e, em seguida, anunciar um aumento de impostos. “O governo Lula aumenta despesas, como fez esta semana ao reajustar salários de servidores, e depois manda a conta para a população com aumento de imposto por decreto.

O IOF tem finalidade extrafiscal, não é instrumento para fazer caixa. Vamos trabalhar para que o PDL seja pautado já na próxima semana e suste esse abuso”, disse Marcel van Hattem.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comentou sobre o assunto em suas redes sociais.

Disse que seu governo zerou, via decreto, a alíquota do IOF câmbio, com o objetivo de reduzir o custo do crédito e gerar empregos. “O atual governo, em sua ânsia por elevar a arrecadação, reverteu essa política e anunciou um aumento generalizado nas alíquotas do IOF câmbio”, disse Bolsonaro.

Ciro Nogueira, presidente do PP, disse que a medida do governo prejudica quem ganha até R$ 5 mil — o mesmo grupo que o Planalto quer agradar ao isentar o Imposto de Renda. “O governo ontem torrou R$ 18 bilhões para aumentar os (salários de) servidores públicos e agora aumenta o IOF. Aumentar o IOF é tirar de quem ganha até R$ 5 mil, que terá de pagar mais nas dívidas e movimentações financeiras. É o Robin Hood que tira dos pobres”, disse.