O GLOBO, n 32.347, 28/02/2022. Economia, p. 9
Petróleo dispara e até crédito para commodities é afetado
Bancos europeus e chineses cortam financiamento para exportações russas
As primeiras negociações com petróleo e moedas nos mercados asiáticos na manhã desta segunda-feira (horário local) foram de forte alta da commodity, valorização do dólar frente às principais divisas e quedas nas Bolsas. O barril do petróleo tipo Brent, referência no mercado internacional, chegou a subir mais de 7% e voltou a ultrapassar a marca de US$ 100. O óleo leve americano (WTI) também subia mais de 7%, acima de US$ 97 o barril.
As Bolsas asiáticas abriram em queda e, no mercado futuro americano, a Bolsa de tecnologia Nasdaq e o S&P caíam mais de 2%.
O mercado de commodities metálicas e agrícolas também deve sofrer um duro golpe por causa das sanções à Rússia. A produção e o comércio de grãos, como trigo e milho, já estavam ameaçados com a invasão do território ucraniano, porque Rússia e Ucrânia são grandes exportadores globais desses alimentos. Há um temor de que o conflito impeça o plantio na Ucrânia, o que deve ocorrer no fim do inverno, e dificulte o embarque de grãos.
Agora, também o financiamento à comercialização de commodities está ameaçado. Os bancos europeus Société Générale, Credit Suisse, ING e Rabobank, muito atuantes neste mercado, já pararam de financiar as comercializadoras de petróleo e metal da Rússia.
E pelo menos dois grandes bancos estatais chineses estão restringindo o financiamento em dólar de importações de commodities russas, o Bank of China e o Industrial & Commercial Bank of China. Letras de crédito denominadas em yuan seguem disponíveis, mas apenas caso a caso e mediante aprovação do comando das instituições.