O GLOBO, n 32.348, 01/03/2022. Economia, p. 12
Dois Oligarcas russos defendem fim da guerra da Ucrânia
Presidente de conselho de banco pede término de derramamento de sangue. Bilionário diz que alta de juro mostra 'quem vai pagar a conta'
Diante do impacto econômico decorrente da invasão da Ucrânia pela Rússia, ao menos dois oligarcas, Mikhail Fridman e Oleg Deripaska, romperam fileiras com o Kremlin, segundo a CNN, e pedem o fim da guerra.
Fridman, que nasceu na Ucrânia, pediu o “fim do derramamento de sangue”, em carta enviada aos funcionários. No documento, ele conta que é filho de ucranianos.
“Passei a maior parte da minha vida como um cidadão russo, construindo e ampliando negócios. Tenho profundos laços com os povos ucraniano e russo e vejo o conflito atual como uma tragédia para ambos”, escreveu Fridman. “Essa crise vai custar vidas e causar danos a duas nações que foram irmãs durante centenas de anos. Enquanto uma solução parece assustadoramente distante, só posso me juntar aos que desejam fervorosamente que o derramamento de sangue acabe”, ele acrescentou na carta, antecipada pelo jornal Financial Times.
Fridman é presidente do conselho do Alfa Group, conglomerado privado que atua principalmente na Rússia e em ex-repúblicas soviéticas, que engloba o setor bancário, de seguros, varejo e produção de água mineral. Sua fortuna é avaliada em US$ 11,4 bilhões, segundo o índice de bilionários da Bloomberg. Ele também é presidente do conselho do Alfa Bank, a quarta maior firma de serviços financeiros da Rússia e o maior banco do setor privado. A instituição foi atingida por sanções que vão impedir que ela levante recursos no mercado americano.
Deripaska construiu seu patrimônio com negócios no setor de alumínio. Em mensagens no Telegram nos últimos dias, vem pregando a importância da paz e a necessidade de negociações.
“Quero esclarecimentos e comentários inteligíveis sobre política econômica nos próximos três meses”, disse Deripaska, acrescentando que as decisões do banco central russo de elevar os juros e de forçar empresas a vender moeda estrangeira são “o primeiro teste de quem vai realmente pagar a conta deste banquete”. E acrescentou: “É necessário mudar a política econômica, precisamos colocar um fim a esse capitalismo de Estado".
Deripaska tinha fortuna estimada em US$ 28 bilhões, segundo a Forbes de 2008.