O GLOBO, n 32.349, 02/03/2022. Política, p. 4

Bia Kicis é bloqueada no YouTube por desinformação

Marlen Couto e Lucas Mathias


Deputada foi suspensa por sete dias, após vídeo de seu canal ser excluído por violar regras da plataforma contra Covid-19

A deputada Bia Kicis (PSL-DF), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, foi bloqueada no YouTube por sete dias. A punição ocorreu após um vídeo do canal da parlamentar com desinformação sobre vacinação infantil ser excluído pela plataforma, na última sexta-feira, por violar as regras sobre Covid-19, de acordo com monitoramento da consultoria Novelo Data.

O vídeo excluído é uma live, com duração de mais de quatro horas, postada em 6 de janeiro, em que há defesa de que crianças não sejam vacinadas. O mesmo conteúdo segue no ar no Facebook e Twitter.

O anúncio sobre o bloqueio foi feito por Bia Kicis em redes sociais. Para burlar a punição da plataforma, a parlamentar pediu que seus seguidores acompanhassem uma página reserva com quase 3 mil seguidores, na qual chegou a postar dois vídeos. Em um deles, anunciou uma live para a noite do último domingo, mas em seguida foi alertada pelo YouTube que a prática não é permitida.

“Agradeço a todos que se inscreveram no meu canal reserva, mas fui informada pelo YouTube que se eu fizer a live por lá, isso seria considerado uma burla à minha suspensão e poderei perder em definitivo ambos meus canais”, escreveu em sua página no Telegram.

As regras do YouTube estabelecem que a punição a um canal pode acontecer por violações recorrentes ou depois de uma infração grave, como spam e pornografia. No caso das normas sobre a Covid-19, há um sistema de avisos.

Na primeira violação, é emitido um alerta, enquanto na segunda vez, há o impedimento de postar novos conteúdos por sete dias, caso da parlamentar. Em março do ano passado, Bia Kicis já havia sido alvo de remoção na plataforma por postar um vídeo com desinformação sobre a Covid-19.

Se dentro de 90 dias, a parlamentar foi alvo de um novo aviso por violar regras ficará bloqueada por 14 dias. No caso de outra infração no mesmo período de 90 dias, o canal é removido permanentemente.

Mesmo com as remoções de vídeos, o YouTube vem sendo pressionado nas redes sociais a aplicar no Brasil medidas de combate à desinformação já adotadas em outros países, como os Estados Unidos. O movimento, liderado pelo Sleeping Giants Brasil, cita a disponibilização de Relatórios de Transparência de Publicidade Política, a implementação da política de Integridade Eleitoral e a efetiva aplicação dos termos de uso da rede social. Em nota, a plataforma disse que já desenvolveu “uma série de ações e parcerias para ampliar os esforços de combate à desinformação e apoiar os eleitores na busca por informações úteis”.