O GLOBO, n 32.349, 02/03/2022. Política, p. 5
No Leblon, PCO e MBL travam batalha por guerra na Ucrânia
Marlene Couto e Paulo Assad
Grupos se encontraram no Consulado da Rússia e foram parar na delegacia
A guerra na Ucrânia motivou, na manhã de ontem, uma confusão a mais de 10,8 mil km de distância do país, invadido pela Rússia na semana passada. Um tumulto envolvendo manifestantes do Partido da Causa Operária (PCO) e do Movimento Brasil Livre (MBL), em lados opostos quanto ao conflito, foi parar na 14ª Delegacia de Polícia, no Leblon, Zona Sul do Rio, como antecipou o blog do colunista do GLOBO Ancelmo Gois.
Os manifestantes se encontraram no Consulado Geral da Rússia, que fica no Leblon, por volta de 11h. Imagens registradas pelo MBL e divulgadas no Twitter mostram o momento em que militantes do PCO, favoráveis à ação militar da Rússia, usaram bandeiras do partido para atingir um pequeno grupo do Movimento Brasil Livre que protestava contra a decisão de Vladimir Putin de invadir a Ucrânia.
Já uma transmissão ao vivo feita pelo canal do PCO no YouTube mostra quando a Polícia Militar leva apoiadores do partido à delegacia. O presidente da legenda, Rui Costa Pimenta, divulgou nas redes sociais que quatro militantes foram detidos. O partido também postou uma foto do grupo no Instagram.
Em nota, a Polícia Civil informou que seis pessoas foram levadas à delegacia, onde prestaram depoimento. Os agentes solicitaram imagens das câmeras de segurança da região para esclarecer o conflito.
Um texto publicado no Diário da Causa Operária, vinculado ao PCO, afirma que, assim que o ato começou, policiais militares chegaram, o que foi classificado como uma “aparente operação combinada com provocadores fascistas”.
Pedro Angelo, do MBL, estava no ato em frente ao consulado. Ele disse ao GLOBO que os dois grupos chegaram ao mesmo tempo e que os membros do Movimento Brasil Livre foram chamados de “fascistas”. Em seguida,teriam sido agredidos pelos militantes do PCO, até que a PM chegou ao local.
—A gente manteve a postura pacífica. Não batemos de volta. Um dos nossos manifestantes ficou com o braço sangrando e chegou a ir para a delegacia e para um hospital. Outro recebeu uma pancada forte nas costas. Tudo bem eles terem uma visão diferente da nossa, mas no momento que partiram para a agressão, ficou insustentável.
Procurado, o PCO não respondeu.