VALOR ECONÔMICO, n 5420, 19/01/2022, Política, A8
Dividido, Rede deve liberar militância
Cristiane Agostine
Dividido entre o apoio de lideranças partidárias às pré-candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Ciro Gomes (PDT) à Presidência, o Rede Sustentabilidade deve liberar os militantes na disputa presidencial deste ano e não apoiará formalmente nenhum candidato. Dirigentes do partido negociavam a indicação da ex-senadora Marina Silva a vice de Ciro para construir a chapa “Cirina”, mas parte do Rede resiste e pretende apoiar a candidatura petista.
Porta-voz do Rede, a ex-senadora Heloisa Helena disse que a unidade do partido é mais importante agora do que o apoio a um candidato à Presidência. “Sobre a candidatura presidencial, até o momento nossa tendência majoritária no partido é liberar nossa militância”, disse Heloisa. “Vamos ter muita paciência revolucionária de não criarmos problemas internamente, pois a nossa unidade interna é infinitamente mais importante diante da duríssima batalha que vamos enfrentar.”
A dirigente citou um exemplo da divergência entre expoentes da Rede: enquanto ela e Marina - duas ex-petistas - defendem a candidatura de Ciro, o senador Randolfe Rodrigues (AP) pretende apoiar Lula.
Heloisa afirmou que tem conversado com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, sobre uma eventual composição para disputar a eleição presidencial, mas ressaltou as dificuldades enfrentadas. “Compor chapa presidencial é bem mais complexo, especialmente agora.”
Um dos pontos de divergência é o marqueteiro João Santana, contratado pelo PDT e pelo pré-candidato. O comando nacional do Rede tem sérias restrições ao publicitário, desde a campanha de 2014.
Sem ter candidato próprio nem compor uma chapa presidencial, o Rede deve centrar esforços na eleição de parlamentares, na tentativa de superar a cláusula de barreira. A meta é ousada: passar de um para 11 deputados federais. O partido reconhece que o cenário é “muito complexo e dificílimo”. Para tentar viabilizar essa proposta, a Rede negocia com o Psol uma federação. Segundo Heloisa, até o fim deste mês os dois partidos devem ter uma visão mais clara sobre a viabilidade da federação. A Rede terá candidato ao governo no Amapá, com Randolfe Rodrigues, e no Espírito Santo, com o ex-prefeito Audifax Barcelos.