O GLOBO, n 32.350, 03/03/2022. Política, p. 6
Membro do MBL posta como atual foto de 2016 da Ucrânia
Na Eslováquia para mostrar a guerra e se contrapor a neutralidade de Bolsonaro, Renan Santos usou na rede imagem de conflito anterior
O coordenador nacional do MBL, Renan Santos, que está na Eslováquia, perto da fronteira com a Ucrânia, publicou nas redes sociais uma foto de 2016 como se fosse da invasão russa ao território ucraniano. Ele viajou ao lado do deputado estadual Arthur do Val (Podemos), pré-candidato ao governo de São Paulo.
A dupla anunciou que foi para perto da zona de conflito para reportar os acontecimentos e se contrapor à postura de “neutralidade” do presidente Jair Bolsonaro.
Na imagem publicada pelo ativista do MBL com a legenda “Ucrânia, 2022”, duas crianças aparecem fazendo continência a soldados ucranianos que passam em tanques de guerra. Porém, segundo checagem da agência de notícias Reuters, a imagem foi feita pelo fotógrafo ucraniano Dmitry Muravsky e publicada no álbum “Children of war” (“Filhos da guerra”) em março de 2016. A foto foi compartilhada pela página no Facebook do Ministério da Defesa da Ucrânia no mesmo ano.
O Instagram tarjou a publicação de Santos com um alerta de “falta de contexto”, sinalizando que verificadores de fatos confirmaram que a imagem não é da atual guerra entre Rússia e Ucrânia. O pré-candidato à presidência da República Sergio Moro (Podemos), apoiado pelo MBL, publicou ontem elogios ao projeto da dupla de relatar o conflito no Leste europeu de perto. Ele também parabenizou o grupo que anunciou ter arrecadado R$ 180 mil para ajudar os ucranianos.
“O dep. Arthur do Val e Renan Santos, do MBL, decidiram reportar in loco o conflito na fronteira da Ucrânia. Também angariaram ajuda financeira para amparar refugiados. É sempre louvável quando saímos do discurso e partimos para a prática”, escreveu Moro.
Tanto Sergio Moro quanto o MBL vêm usando o conflito da Ucrânia para atacar tanto Jair Bolsonaro quanto o PT.
A viagem de Do Val e Santos chegou a ser criticada por seus próprios apoiadores nas redes sociais, que enxergaram na ida para a Eslováquia uma tentativa de fazer “palanque político” com a situação no Leste europeu.