Valor Econômico, v. 22. n. 5421, 20/01/2022, Brasil, A4 
Com melhora em países ricos, fluxo global cresce 77%

O fluxo global de investimento estrangeiro direto (IED) cresceu 77% no ano passado depois da enorme contração de 2020, no auge da pandemia de covid-19, mas a recuperação é altamente desigual, diz a Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). 

Estimativas preliminares indicam que o fluxo global de IED alcançou US$ 1,65 trilhão em 2021, comparado a US$ 929 bilhões registrados em 2020. Os volumes para economias desenvolvidas cresceram três vezes mais do que no ano anterior, somando US$ 777 bilhões. Os fluxos para países em desenvolvimento subiram 30% para quase US$ 870 bilhões, com aceleração na Ásia. 

“Project finance” em infraestrutura impulsionou o fluxo de IED, reforçando a confiança de investidores. Em contrapartida, a confiança do investidor na indústria e nas cadeias de valor continuaram baixas. Anúncios de projetos “greenfield” - novas construções etc. - também não avançaram. 

O fluxo de IED nos EUA, o maior recipiente, cresceu 114% para US$ 323 bilhões. As fusões e aquisições quase triplicaram para US$ 285 bilhões. Na União Europeia, a alta foi de 8%, bem abaixo dos níveis de antes da pandemia. A China continua a ser o segundo país a mais receber IED, com recorde agora de US$ 179 bilhões, ou 20% mais que em 2020. 

“A recuperação nos fluxos de investimentos para economias em desenvolvimento é encorajadora, mas a estagnação em novos investimentos nos países mais pobres em economias importantes para capacidade produtiva e setores-chaves como eletricidade, alimentos ou saúde são uma grande causa para preocupação”, afirmou em comunicado a secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan. 

As perspectivas para o fluxo de IED para 2022 são positivas, mas o tamanho do crescimento de 2021 dificilmente poderá se repetir, segundo a Unctad. Os “project finance” em infraestrutura vão continuar a dar o ritmo nos fluxos. Mas a duração da crise sanitária, com novas ondas de variantes, continua a ser um grande risco. 

Outros riscos importantes para os investimentos internacionais, diz a Unctad, incluem os gargalos nas cadeias globais de valor, os preços de energia e as pressões inflacionárias.