O GLOBO, n 32.351, 04/03/2022. Economia, p. 11

Bolsonaro defende lucro menor da Petrobras

Daniel Gullino


Segundo presidente, estatal “sabe de sua responsabilidade' para evitar que o preço do combustível dispare no Brasil

O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que, diante da invasão da Ucrânia pela Rússia, que levou a uma disparada nas cotações do petróleo no mercado internacional, a Petrobras poderia diminuir sua margem de lucro para que o preço dos combustíveis seja reduzido. No ano passado, a Petrobras alcançou lucro recorde, de R$ 106,6 bilhões. O resultado foi influenciado pela alta no petróleo, cujas cotações já estavam sob pressão em razão de um aumento da demanda.

Bolsonaro afirmou que não vai interferir na empresa, mas disse que a companhia “sabe da sua responsabilidade”.

— Não tenho como interferir nem vou interferir na Petrobras. Agora, a Petrobras, por sua vez, sabe da sua responsabilidade e sabe o que tem que fazer para colaborar para que o preço do combustível aqui dentro não dispare — disse Bolsonaro em transmissão ao vivo em redes sociais.

Para o presidente, o lucro poderia ser rebaixado “um pouquinho” para “a gente não sofrer muito aqui”.

— Em um momento de crise como esse, eu acho que esse lucro, dependendo da decisão dos diretores, do Conselho, do presidente, poderia nesse momento de crise ser rebaixado um pouquinho para a gente não sofrer muito aqui.

O preço do barril do petróleo do tipo Brent, principal referência do mercado internacional, era negociado abaixo de US$ 100 antes da guerra. Ontem, a cotação chegou a alcançar US$ 119. Segundo cálculos da Abicom, associação que reúne os importadores de combustíveis no Brasil, com a disparada do petróleo nas últimas semanas, os preços da gasolina e do diesel estão com uma defasagem de 25% em relação ao mercado internacional.