Valor Econômico, v. 22. n. 5421, 20/01/2022, Especial, A12 

Ocupação vai a 59% em grandes hospitais privados

Beth Koike

 

Os maiores hospitais privados do país registram alta na internação de pacientes acometidos pela covid em leitos de UTIs (unidade de terapia intensiva). A taxa de ocupação saltou 18 pontos percentuais, entre a última semana de dezembro e o período de 8 a 14 de janeiro.

Na terça-feira, mais da metade dos exames de covid processados na rede de medicina diagnóstica Hermes Pardini deu positivo, sendo que em São Paulo, essa taxa chegou a 65%. Já a Hapvida, uma das maiores operadoras de planos de saúde com 4,2 milhões de clientes e cerca de 50 hospitais próprios, registrou queda no volume de atendimentos em suas emergências no Norte e Nordeste e estabilidade nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, nos últimos dias.

“As curvas de casos de covid e influenza começaram a subir antes, ainda em dezembro, no Norte e Nordeste e agora estamos vendo já cair. Nas demais praças, vemos estabilidade”, disse Guilherme Nahuz, responsável pela área de relações com investidores da Hapvida, operadora que atende principalmente, o público da base da pirâmide.

Entre os 130 maiores hospitais do país ligados à Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), as taxas de ocupação também mudam conforme a região, mas vêm crescendo desde o Natal. Segundo a entidade, a taxa de ocupação de UTIs para covid na última semana de dezembro era de 40,84%, nos primeiros sete dias de janeiro, subiu para 48,9% e no período de 8 a 14 de janeiro, atingiu 58,75%.

A alta foi puxada pelo Sudeste, onde a taxa de ocupação saltou de 39% para 60% em três semanas. A região abriga o maior número de hospitais, o que acaba impactando os dados gerais do país.

No Norte e no Centro-Oeste, a taxa de leitos com pacientes internados com covid subiu de 18,7% para 63,7%. Já no Nordeste, na última semana de dezembro, esse indicador era de 72,57% e foi a 82,84% na segunda semana de janeiro.

Segundo Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp, apesar do crescimento, o número de internações é considerado baixo. “A cobertura vacinal da população está contribuindo muito para que os casos não sejam graves. O que notamos é um número grande pessoas contaminadas, mas que não se reflete na mesma proporção nas internações.” Britto destacou ainda que cada hospital deve avaliar de acordo com a situação a necessidade de abertura de mais leitos.

Apesar da alta no volume de atendimentos no começo deste ano, não há uma expectativa do mercado de impactos financeiros relevante para as operadoras de planos de saúde que pagam as contas médicas. Isso porque hoje a maior parte dos casos envolve atendimento em pronto socorro. Estima-se que essa despesa representa cerca de 15% dos custos médicos totais. O maior gasto vem de internações e cirurgias.

“Em minha visão, haverá algum aumento de custos porque tem mais atendimento em pronto-socorro e exames, mas não deve ser algo tão relevante. Além disso, janeiro é um período de poucas cirurgias eletivas devido às férias, então não tem um acumulo de procedimentos”, disse Rafael Barros, analista da XP.

A rede medicina diagnóstica Hermes Pardini, com forte presença em Minas Gerais e que atende laboratórios de menor porte do país, processou 17 mil testes RT-PCR somente na terça-feira, alta de 19% em relação à média móvel das duas últimas semanas. Mas o destaque é o aumento de positividade nos exames de covid-19. Mais da metade dos testes realizados nos laboratórios do grupo teve resultado positivo. Esse número representa 14 pontos percentuais acima da média móvel das duas últimas semana.

“Chama atenção a taxa de positividade, que já está próxima de 60%, o maior índice desde março de 2020. No Brasil, a cada dois testes, um tem resultado positivo. Em São Paulo, a taxa está próxima dos 65%”, informa boletim do Pardini.

O número de casos de coinfecção aumentou sendo que em 2 mil amostras foram encontrados 65 casos de infecção duplicada (covid e influenza) em dezembro e neste mês de janeiro, já são 95.