"As 36 cartas publicadas em Lisboa, sob ordem das Cortes Gerais, e distribuídas, de forma reservada e exclusiva, para os deputados da Assembleia Geral Portuguesa, são hoje raríssimas devido à sua reduzida tiragem. Nessas cartas, D. Pedro, então ainda o Príncipe Real, escreve a seu pai, o Rei D. João VI, durante o período de 15 meses anterior ao 7 de setembro, informando-o sobre a evolução dos acontecimentos políticos e sociais no Brasil. As Cortes Gerais Portuguesas, que tinham forçado o retorno de D. João VI, também haviam definido a necessidade do Brasil tornar à sua posição anterior de Colônia Portuguesa. D. Pedro conduz e orienta seu pai com fatos e argumentos que naturalmente o levam à alternativa da emancipação política do Brasil. Essas cartas mostram um estrategista e negociador supreendentemente arguto para sua pouca idade, apenas 23 anos. Na última, a mais importante e a mais rara, de 23 de outubro de 1822, D. Pedro informa, de maneira respeitosa mais irrevogável, que tinha sido aclamado pelo seu 'leal povo como seu Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo'. As coleções públicas brasileiras possuem apenas alguns desses documentos quase sempre em péssimo estado. Augusto de Lima Jr. já considerava essas missivas como raríssimas num levantamento efetuado em 1941, que teve como únicas fontes seguras a Biblioteca Nacional de Lisboa e o livro 'Correspondence' de Eugene de Monglave, que reproduzia, traduzidas, as mais importantes ... ."-- Lago; Sousa, 2009, páginas 142.