O quadro de baixo crescimento e a pressão inflacionária corrente estão promovendo revisões nas expectativas do PIB e do IPCA em 2021 e 2022. A piora do risco fiscal e a intensificação do risco político associados à estabilidade das instituições democráticas geram incerteza adicional à trajetória prospectiva da inflação e do PIB. Cálculos realizados pela IFI mostram que, no acumulado em 12 meses até julho de 2021, o deficit primário do governo central teria sido de R$ 13,1 bilhões, a preços de julho, contra R$ 328,8 bilhões na série observada, em função do crescimento da arrecadação de tributos, que, por sua vez, é impulsionado pela melhora da atividade econômica nos dois primeiros trimestres do ano. O custo médio da dívida pública cresceu pelo quinto mês consecutivo em julho. Esse movimento coincide com o início do ciclo de elevação dos juros básicos da economia pelo Banco Central. Teto de gastos será a principal restrição fiscal em 2022. A resiliência da inflação e o crescimento atípico dos gastos com sentenças judiciais e precatórios reverteram rapidamente as expectativas. Nesse contexto, há pelo menos quatro propostas em discussão e nenhuma delas promove economia efetiva de recursos para compensar impacto dos gastos inesperados. Projeções de despesas primárias revelam cenário mais benigno para os gastos com pessoal e benefícios previdenciários. Juntos, eles representam dois terços da despesa total. Desconsiderando a parcela derivada de sentenças e precatórios, ambos devem ter queda real em 2021. Já em 2022, a previdência deve apresentar crescimento moderado, enquanto o gasto com pessoal deve manter o recuo, devido ao contexto de poucas contratações e reajustes, que podem se mostrar insustentáveis nos próximos anos.