A palavra grega "ethos", origem do conceito de ética, é muitas vezes vertida para "costume", o que, sem ser errado, esvazia, contudo, seu significado. Mais do que costume, "ethos" remete ao modo de estar no mundo, por meio de escolhas - trata-se da consciência de si e dos outros. A palavra "Moral" (do latim, "mores") também é vertida para "costume", o que também esvazia seu significado republicano, que trata do cultivo de valores que distinguiam o "civitas". É possível notar, em ambos os casos, a forte presença do aspecto político. Assim, ao longo do tempo, "ética" passou a significar a normatividade e "moral" a qualidade dos atos pelos quais os indivíduos assumem regras e obrigações socialmente sistematizadas. Enfim, o surgimento do indivíduo burguês é paralelo ao progressivo desaparecimento da política, substituída pela gestão das necessidades no contexto de uma racionalidade instrumental.