A constituição de uma "sociedade política" resulta necessariamente de um ato ficcional, pelo qual um agregado demográfico atribui a si mesmo uma identidade. A população ateniense do século 5 a.C., por exemplo, representava-se, a partir das reformas de Solon e Clístenescomo, "polis", assentada na soberania do "demos". Para além dos mitos, é preciso distinguir, portanto, uma ideia de representação originária da de representação política. Esta constitui o modo historicamente específico e particular de materialização da representação originária, pelo qual se constitui uma comunidade política, fundada no princípio da representação política. Não há, pois, relação necessária entre ambas. Importa, portanto, considerar o cenário no qual a forma específica de representação política afirma-se como representação originária.