O processo de aperto monetário reduz o apoio à economia, com a taxa de desemprego em patamar ainda muito elevado. A busca de espaço para acomodar políticas com retorno eleitoral e a consequente piora da percepção sobre o risco fiscal dificultam a tarefa do Banco Central de ancorar as expectativas de inflação à meta, criando incerteza adicional à trajetória prospectiva de inflação por meio da elevação dos prêmios de risco-país e dos juros. A série do resultado primário recorrente indica que o déficit primário da União, de R$ 45,5 bilhões nos 12 meses encerrados em junho, está relativamente controlado na trajetória em 12 meses. A partir de meados de julho, houve piora na percepção de risco em relação ao ambiente econômico no Brasil, gerando incremento nas taxas de emissão de títulos da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna. As incertezas parecem estar concentradas na dinâmica inflacionária recente e nas perspectivas sobre as regras fiscais, sobretudo do teto de gastos. As novas projeções do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 3º Bimestre forçam o cenário de recuperação da arrecadação e de cumprimento das regras fiscais. A projeção para o déficit primário do governo central passou para R$ 164,9 bilhões, menor do que os R$ 178,4 bilhões previstos na avaliação anterior. Desde o envio do PLOA, a previsão de arrecadação acumula crescimento de R$ 256,2 bilhões (16,4%). A recuperação da receita facilita o cumprimento da meta de resultado primário de 2021. Soma-se a isso a possibilidade de se abaterem da meta despesas relacionadas à pandemia e a necessidade de cumprir o teto de gastos.